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Jesus Cristo sobre a infalibilidade das Escrituras

por Dr David Livingston
traduzido por Luís Jervell (Acordem!)

Atualmente, há um debate considerável sobre a inerrância (infalibilidade) da Escritura. A principal questão é a autoridade da Palavra de Deus. Mas, se alguém se submete à autoridade de Jesus Cristo (Yeshua HaMashiach), essa pessoa deve, por sua vez, submeter-se à visão que Cristo tem da própria Escritura. Qualquer um e todo aquele que afirme ser cristão (um crente sob a autoridade de Cristo) deve manter a mesma visão que Ele teve! E qual foi a visão de Cristo?

I. Os aspectos negativos (um argumento do silêncio - mas um silêncio que fala alto!)

Jesus nunca menosprezou as Escrituras (como fazem alguns críticos modernos), ou pô-las de lado (como fizeram os líderes judeus do seu dia com suas tradições orais), ou criticou-as (embora tenha criticado aqueles que fizeram uso indevido delas), ou as contradisse (embora tenha rejeitado muitas interpretações das Escrituras), ou se opôs a elas (embora algumas vezes, Ele as interpretasse de forma livre), nem falou de forma alguma como fazem os “altos críticos" sobre o Antigo Testamento (Tanakh).

II. Como Cristo usou a Escritura

Como afirmou Louis Gaussen: “Não temos medo de dizê-lo: quando ouvimos o Filho de Deus citar as Escrituras, tudo é dito, em nossa opinião, quanto à sua inspiração divina - não precisamos de mais testemunho. Todas as declarações da Bíblia são, sem dúvida, igualmente divinas; mas este exemplo do Salvador do mundo resolveu a questão imediatamente. Esta prova não requer pesquisas longas, nem eruditas; é agarrada pela mão de uma criança, tão poderosamente como pela mão de um doutor. Se então alguma dúvida perturbar a sua alma, deixe-a contemplá-Lo na presença das Escrituras!”1

  1. Ele conhecia as Escrituras minuciosamente, até as palavras e os tempos dos verbos. Obviamente, memorizou grandes partes delas ou conhecia-as instintivamente: João 7:15.2

  2. Ele acreditava em todas as palavras da Escritura. Todas as profecias sobre Ele mesmo foram cumpridas,3 e Ele acreditou de antemão que seriam cumpridas.4

  3. Ele acreditava que o Antigo Testamento relatava fatos históricos. Isso é muito claro, mesmo que desde a Criação (ver Génesis 2:24 e Mateus 19:4, 5) em diante, muito do que Ele acreditou há muito tem sido atacado pela crítica, como sendo uma mera ficção. Alguns exemplos de fatos históricos:

  4. Ele acreditava que os livros foram escritos pelos homens cujos nomes eles possuem:

    • Moisés escreveu o Pentateuco (Torá): Mateus 19:7, 8; Marcos 7:10, 12:26 (“O Livro de Moisés”—a Torá); Lucas 5:14; 16:29, 31; 24:27, 44 (" O Cânone de Cristo"); João 1:17; 5:45, 46; 7:19; (“A Lei [Torá] foi dada por Moisés: Graça e Verdade vieram por Jesus Cristo.”)5

    • Isaías escreveu ‘ambos’ os livros de Isaías: Marcos 7:6–13; João 12:37–41 [Nota do ed.: os liberais afirmam que Isaías 40–66 foi composto após a queda de Jerusalém, por outro escritor que eles chamam de ‘Deutero-Isaías’. O único "motivo" verdadeiro para essa reivindicação é que uma datação simples e direta significaria que a profecia preditiva era possível, e os liberais decretaram, a priori, que o conhecimento do futuro é impossível (tal como os milagres em geral). De forma que essas partes devem ter sido escritas após os acontecimentos. No entanto, não há nada no próprio texto que sugeria um autor diferente. Veja a Unidade de Isaías. Na verdade, até mesmo nos Manuscritos do Mar Morto o Livro de Isaías aparece como uma unidade perfeita. Mas como disse o Dr. Livingston, uma vez que Jesus confirmou a unidade de Isaías, a teoria deutero-Isaías simplesmente não é uma opção para alguém que se intitule seguidor de Cristo.]

    • Jonas escreveu o livro de Jonas: Mateus 12:39–41

    • Daniel escreveu o livro de Daniel: Mateus 24:15

  5. Ele acreditava que o Antigo Testamento foi pronunciado pelo próprio Deus, ou escrito pela inspiração do Espírito Santo, embora a caneta fosse segurada pelos homens: Mateus 19:4, 5; 22:31,32,43; Marcos 12:26; Lucas 20:37.

  6. Ele acreditava que a Escritura era mais poderosa do que os milagres por Ele realizados: Lucas 16:29, 31.

  7. Na verdade, Ele citou as Escrituras ao derrubar Satanás! As Escrituras do A.T. eram o árbitro em cada disputa: Mateus 4; Lucas 16:29, 31.

  8. Ele citou as Escrituras como base para o Seu próprio ensino. A Sua ética era a mesma que já encontramos nas Escrituras: Mateus 7:12; 19:18, 19; 22:40; Marcos 7:9, 13; 10:19; 12:24, 29–31; Lucas 18:20.

  9. Ele advertiu contra substituí-las por algo diferente, ou adicionando ou subtraindo algo delas. Os líderes judeus do Seu tempo, tinham feito adições com base nas suas Tradições Orais: Mateus 5:17; 15:1–9; 22:29; (Ver 5:43, 44); Marcos 7:1–12. (Destruir a fé na Bíblia como sendo a Palavra de Deus abrirá a porta, hoje em dia, para uma ‘nova’ Tradição.)

  10. Ele julgará todos os homens no último dia, como Messias e Rei, com base na Sua Palavra infalível, assentada em escrito por homens falíveis, guiados pelo infalível Espírito Santo: Mateus 25:31; João 5:22, 27; 12:48; Romanos 2:16.

  11. Ele providenciou o Novo Testamento (B’rit Hadashah) ao enviar o Espírito Santo (o Ruach HaKodesh). Temos de notar que Ele mesmo nunca escreveu uma palavra da Escritura, embora Ele próprio seja a Palavra de Deus (a Torá viva em carne e osso, veja João, capítulo 1). Ele entregou toda a tarefa de escrever a Palavra de Deus a homens falíveis - guiados pelo infalível Espírito Santo. As palavras dos apóstolos tinham a mesma autoridade que as palavras de Cristo: Mateus 10:14, 15; Lucas 10:16; João 13:20; 14:22; 15:26, 27; 16:12–14.

  12. Ele não só não tinha ciúmes da atenção que os homens davam à Bíblia (denunciada como "bibliolatria" por alguns). Ele os censurava pela sua ignorância dela: Mateus 22:29; Marcos 12:24.

  13. Jesus também não adorava as Escrituras. Ele as honrou, embora tivessem sido escritas por homens.

O que foi mencionado acima permite apenas concluir que nosso Senhor Jesus Cristo considerou o cânone das Escrituras como a Palavra de Deus, escrita pela mão dos homens.

Embora alguns líderes religiosos professem aceitar a Escritura como a ‘Palavra de Deus’, o pouco valor que dão à sua ‘inspiração’ desmente esse fato. Eles acreditam e ensinam que a Escritura é, em grau elevado, a palavra do homem. Muitas das suas declarações estão em desacordo essencial com as de Jesus Cristo. De acordo com a evidência dos seus livros, concluímos que alguns líderes cristãos opõem-se a Cristo, no que diz respeito à autoridade, à inspiração e à inerrância das Escrituras.

E agora, o ponto mais importante.

III. Jesus Cristo estava sujeito às Escrituras

Jesus obedeceu à Palavra de Deus, não aos homens. Ele estava sujeito à Palavra de Deus. Se a visão de alguns líderes quanto à inspiração bíblica estivesse certa, Jesus estava sujeito a uma ‘Palavra do Homem’ errante, compilada de uma forma bastante casual. Jesus teria estado sujeito, portanto, à vontade do homem e não à vontade de Deus.

No entanto, em todos os detalhes dos Seus atos de redenção, Jesus estava sujeito às Escrituras como a Palavra de Deus. Ele obedeceu-lhes. A lei pela qual Ele viveu, foi a autoridade delas. Ele veio para fazer a vontade de Deus, não a vontade Dele, e não a vontade do homem. Observe como em toda a Sua vida, Ele fez as coisas porque “estava escrito”, como se Deus tivesse dado as ordens diretamente. Ele cumpriu as profecias do Antigo Testamento sobre Si mesmo. As passagens são encontradas em todo o Antigo Testamento. Apresentamos aqui apenas algumas, citadas no Novo Testamento: Mateus 11:10; 26:24, 53–56; Marcos 9:12, 13; Lucas 4:17–21; 18:31–33; 22:37; 24:44–47.

Ele próprio é a Palavra de Deus. Todas as palavras que saíram dos Seus lábios eram a Palavra de Deus. (João 3:34). Se Ele tivesse desejado, Ele poderia ter escrito um novo conjunto de regras e elas teriam sido a Palavra de Deus. Mas ele não o fez. Ele seguiu sem questionar a Bíblia já escrita pelos homens.

Esta é a coisa sensata que cada crente deve fazer. Que todos os que leem isso, adotem a atitude de Jesus e se tornem sujeitos tanto a Ele como Palavra Viva (Torá viva), como à Bíblia, a infalível Palavra de Deus escrita.

As Sagradas Escrituras … tornam-no sábio para aceitar a salvação de Deus (Hebreu Yeshua) através da confiança em Cristo Jesus (hebraico Yeshua HaMashiach). Toda a Bíblia nos foi dada por inspiração de Deus e é útil para nos ensinar o que é verdadeiro e para nos fazer perceber o que está errado em nossas vidas; Ela nos endireita e nos ajuda a fazer o que é certo. É o modo que Deus usa para nos tornar bem preparados em todos os aspetos, totalmente equipados para fazer o bem a todos. — II Timóteo, Capítulo 3, Versículos 15–17, Bíblia viva


(Este artigo é um excerto da Tese de M.A. do Dr. Livingston intitulada “Uma crítica ao livro de Dewey Beegle intitulado: Inspiração das Escrituras”. Copyright 2003 David Livingston, reproduzido com permissão.)

Encorajamos os nossos leitores e assinantes a visitar o site do Dr Livingston em: Ancient Days. O Dr. Livingston (1925–2013) foi também o fundador dos Associates for Biblical Research, a sociedade arqueológica mais fiável, baseada na Bíblia.

Referências e notas

  1. Gaussen, L., The Plenary Inspiration of the Holy Scriptures, (Chicago: The Bible Inst. Colportage Association, n.d.), p. 93. Retornar ao texto.
  2. Jesus não precisa verificar cada passagem no cânon ou então encontraríamos todo o Antigo Testamento citado no Novo Testamento, o que é desnecessário. Ele verifica o suficiente para nos assegurar a completa aprovação da totalidade, incluindo passagens de quase todos os livros. No entanto, aqueles também estavam em Seu cânon. Ele não refutou nenhum deles. Retornar ao texto.
  3. Um bom resumo da profecia cumprida, ver: Wenham, J.W., Our Lord’s View of the Old Testament, Londres: Tyndale Press (1953), pp. 23, 24. Retornar ao texto.
  4. Ver: Mateus 26:53–56; Lucas 24:25–27; João 5:39–47. Retornar ao texto.
  5. O Pentateuco (Torá) é apenas um livro em cinco partes. O "Treaty of the Great King" de Meredith Kline, demonstrou de forma convincente que foi escrito por uma pessoa, como uma unidade. Portanto, a referência de Cristo a qualquer parte deste livro como tendo sido escrito por Moisés, implica que Ele acreditava que tudo foi escrito por Moisés. Retornar ao texto.

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